-- Olha mãe ele está de sapatinhos!
Exclama a menina em um misto de encantamento e curiosidade e aponta para o
elegante poodle que andava graciosamente parecendo flutuar ao lado de sua, não
menos elegante, dona. A mãe da garotinha pensou com um sorriso mal contido nos
lábios tal cão, tal dono.
De fato, após séculos de convivência,
alguns animais assimilaram algumas características humanas, como comportamento
e hábitos. Essa tendência natural mexe com o imaginário afetando as emoções das
pessoas fazendo com que as pessoas busquem a companhia dos animais onde
depositam confiança, frustrações e alegrias. Essa cumplicidade entre homens e
animais faz com que o mercado fique cheio de toda a sorte de produtos voltados
para os pequeninos de quatro patas criando demanda para o setor de bichos de
estimação.
Profissionais de Marketing trabalham intensamente na busca de
novos produtos e/ou serviços que atendam a essa demanda que não para de
crescer. O problema para esse público ávido por novidades para os seus animais
de estimação são as Organizações Não Governamentais que nasceram para fazer
valer os direitos daqueles que não tem voz ativa para reclamar de quaisquer
maus tratos sofridos.
“A Lei 9.605, de 12-12-98, transformou em crimes os maus tratos a
animais, sejam eles domésticos, domesticados, exóticos ou silvestres.”
Infelizmente algumas dessas ONG’s
incentivadas pela legislação, encorajadas pela passionalidade popular e com a
publicidade da mídia procedem a uma espécie de caça às bruxas na versão moderna
do politicamente correto. Sem checar a veracidade dos fatos, algumas
organizações convocam a população através das redes sociais para resgatar uma
suposta vítima de maus tratos. Não sei se por amor aos animais ou se pela
necessidade de publicidade, mas algumas instituições são tão exigentes que
querem que cachorros sejam tratados como pessoas. Eu, particularmente discordo
do fato de tratar animais como gente por acreditar que isso não seria
“biologicamente correto” e faria mais mal ao animal. O cachorrinho que ilustra
o início do texto talvez não esteja querendo flutuar e sim livrar-se daquilo
que vai contra a sua natureza.