sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

HÁ MUITA VIDA PARA VIVER.



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Meu pai nasceu em uma época de conflitos bélicos de proporções mundiais. Os recursos produzidos pelas nações eram direcionados para suprir as necessidades da guerra, cujas batalhas tiveram basicamente a Europa como cenário. Antes que comemorássemos o vigésimo aniversário do fim da Primeira Guerra, a região explode em outro confronto, dessa vez mais sangrento e mais desumano (como se houvesse humanidade nas guerras) que durou dez anos. Aqui no Brasil, Rio Grande do Sul, na cidade São Borja o assunto não era outro senão a guerra. O ambiente hostil da época moldou o caráter austero, firme e honrado de Roque, com “Q” “U” “E” como meu pai gostava de advertir os mais novos. Aprendeu cedo a conquistar as próprias batatas, artigo escasso na primeira metade do século XX, inclusive aqui nas Américas. Ele sabia apenas trabalhar, tanto que ao aposentar-se em 1978, pensou concretamente na morte e adquiriu um jazigo perpétuo em um cemitério da cidade dizendo “fulano parou de trabalhar e se foi...” ou ainda “o compadre aposentou e foi para a cidade-dos-pés juntos”, calando a boca daqueles que diziam que ele estava ficando “gagá”. Aprendi muito com ele e sinto falta da sua presença física por perto, porém, como cristão católico acredito que ele agora se encontra em um plano superior segundo o julgamento divino. Pudera. Naquela época o máximo que os aposentados se permitiam era atravessar a rua, vestidos com roupas de dormir, para comprar o pão para o lanche matinal. Hoje quando vou ao mercado, banco ou outro local que dispense um tratamento privilegiado para os idosos, enquanto nós que nem chegamos aos 65 anos de idade amargamos uma fila imensa, esboço uma reação de desagrado. Reação que se desvanece logo em que penso como seria bom se meu pai pudesse participar vibração que existe nesses jovens e maduros sessentões, setentões, oitentões e outros ões. Aí percebo que a nossa população está envelhecendo, ainda bem. 

A expectativa de vida, no Brasil, atualmente está acima dos 71[1] anos.


[1] Em 2003, expectativa de vida do brasileiro subiu para 71,3 anos.
Atualizando: 73,6 anos. https://www.google.com.br/search?sourceid=chrome-psyapi2&ion=1&espv=2&ie=UTF-8&q=expectativa%20de%20vida%20no%20brasil

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